domingo, 15 de maio de 2011

Poema (Sem)Fim

Certa vez comecei a escrever um poema daqueles bonitos que, acompanhados de uma melodia tranquila e um violão, facilmente viram canções de amor. Pensei nas mais belas palavras e nas rimas mais apropriadas para as palavras complexas que eu buscava no fundo do empoeirado dicionário de português arcaico da biblioteca da escola.
Metrifiquei todos versos, estratifiquei com exatidão todas as estrofes, imaginei os mais belos termos e expressões pra enfeitar o poema. Porém, adormeci com a caneta e o papel nas mãos e procrastinei o término do poema para o outro dia, sem mais atrasos.
No outro dia, por fim, terminei o poema mas lindo que já escrevi. Decidi então, colocá-lo em uma carta e enviar pra uma pessoa especial, daquelas que não se encontram todos os dias do tipo que invadem nossos pensamentos, dominando nossos instintos e monopolizando nossos pensamentos e sonhos.
Esforcei-me ao máximo pra tentar escrever com uma letra parcialmente bonita e legível, tentei expressar naquela folha todo sentimento verdadeiro que eu trazia dentro do coração e busquei colocar as palavras com a maior harmonia naquela última folha do meu caderno de matemática pra, depois, tirar os cabelinhos que ficam ao lado da folha ao retirá-la da espiral do caderno, colocá-la dentro de um envelope e entregar nas mãos da atendente dos correios pra ela enviar a carta pro devido endereço constado no envelope, mas antes de terminar de escrever a carta, descobri que tudo o que eu pensava que era verdadeiro dentro do meu coração não era tão verdadeiro quanto eu imaginava no coração da outra pessoa.
Hoje, tendo a carta em minhas mãos, tenho duas alternativas: enviá-la mesmo sabendo que não vai adiantar de nada ou mantê-la dentro da minha gaveta, ao lado do cubo mágico e dos meus pertences pra, quem sabe um dia, abrí-la mais uma vez pra redescobrir coisas que eu já tenho certeza e involuntariamente relembrar coisas que eu queria poder esquecer.

8 comentários:

  1. Camila Carvalho ( @DonaCamiila )15 de maio de 2011 às 18:00

    Muuito lindo !
    Me fez lembrar de quando eu mandava cartinhas anônimas ! Hahaha

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  2. Muitoo lindoo, mas ao mesmo tempo triste.
    Conheço bem esse tipo de história!
    Mas isso também me lembra que as histórias mais bonitas, são as mais tristes. Elas nos tornam mais humanos e capazes de compreender melhor as coisas e as pessoas!

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  3. se fosse eu mandaria a carta, não custaria tentar. =)

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  4. Ou você pode, mais tarde, simplesmente descobrir uma outra coisa qualquer e rir disso, tornando-se uma lembrança gostosa. =)

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  5. E eu não tenho blogger, só criei porque achei digno de comentário. ;)

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  6. Adoro teu blog e sinto falta dos teus textos. Bom, já estou seguindo. Quando der dá uma olhadinha e segue o meu blog também *-*
    http://www.julianabraz.blogspot.com
    Beijo.

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  7. Crônicas são fascinantes por natureza...gostei mto das suas, li tdas com uma curiiosidade imensa de ver as próximas...

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