terça-feira, 5 de julho de 2011

Horas-vagas

Deitado no sofá da sala, encontro-me novamente prostrado com pupilas dilatadas, corpo cansado, pensamentos bagunçados e mente totalmente avulsa das coisas normais. Sinto-me exausto mental e psicologicamente, em outro plano em relação às pessoas ao meu redor. As extremidades dos meus membros dizem que já esgotei minha capacidade corporal de hoje. A gravidade parece não ser mais a mesma a ponto de me empurrar pra baixo com uma força helicóide. Numa tentativa frustrada de fugir um pouco da ilusória realidade, fui assistir ao jogo de futebol mas, logo no primeiro cochilo, percebi que o tempo regulamentar do primeiro tempo já tinha se esgotado e na tela do televisor estava passando uns comerciais de refrigerantes, chinelos e protetores solares. Já que o tempo tinha corrido muito mais do que eu imaginava, levantei-me modorrentamente e dirigi-me em direção ao meu quarto pra, de vez, desligar-me do mundo por ora.
Deitado na cama com a mesma sensação de estar deitado no sofá, comecei a relembrar meu corrido e sincopado dia. O mau-humor do motorista sádico que encontrei no ônibus lotado que tomei pra ir pra correria cotidiana parece que destruiu toda positividade que trazia dos sonhos felizes que eu tive na noite passada. Rindo por eu estar molhado pela chuva que caía no ponto de ônibus sem cobertura em frente ao condomínio onde resido, o velho senhor debochou com um sarcasmo maléfico da situação que eu me encontrava e ainda me perguntou se eu não estava sentindo frio. Além de ter ido em pé a viagem inteira, quase caí quando o motorista fez uma curva brusca com uma velocidade desnecessária e ainda riu enquanto eu me recompunha da pseudo-tragédia, visto que todos os passageiros do ônibus me encararam e sorriram com evidente desprezo.
Ouvindo música alta no meu fone de ouvido no intuito de esparecer a mente, incessantemente sinto saudade de coisas que já se foram, de coisas quem nem sequer aconteceram e de coisas que eu desejava do fundo do coração que fossem diferentes. Isso é bom ou ruim(depende do ponto de vista, como sempre). Sinto falta dos tempos que eu não tinha preocupações, dos tempos que a folha da minha vida deslizava calma e tranquilamente pelo gigantesco rio da vida e não encontrava pelo caminho precipitações nem oscilações. Sabe aquela sensação de que a vida está movimentada demais para seu gosto? Então, mais ou menos isso.
São muitos botões pra apertar no videogame, são muitas notas pra tocar no piano, são muitas baquetas pra quebrar na bateria e são muitos problemas para resolver diariamente. Será que vou aguentar por muito tempo? Escrever uma música agora seria uma boa idéia, mas já não sei se estou sonhando ou se estou acordado. Melhor eu dormir, pois amanhã começa tudo outra vez.